quarta-feira, 1 de abril de 2020

Cheiro de conforto

Fiquei sabendo que a Mc Carol gosta de cheiro de água sanitária, que é confortante chegar em casa com aquele cheirinho de banheiro limpo. O que te conforta?
O banho quente depois daquele dia de cão.
Gosto de fruta de época que chupava na infância.
Aquela lambida no pescoço que arrepia da nuca às pregas.
Saudade do colo de mãe
Chazinho quente no frio
Abraço amigo
Ficar só
Mas o conforto não é o suficiente!
Primeiro aqui dentro temos que romper essas correntes.
Já tamo acostumado com essa ideologia vã que já vem encharcada de culpa cristã
Esse hábito desce pela garganta a uma cara, mesmo se não tenha escolhido usar hábito a conta sai cara.
Eu boto fé que nós podemos mais, tem muita história que nos foi negada, ainda sim não pagada que não podemos deixar pra trás.
Não perdemos a utopia, pois ela nunca é tardia, pros debaixo a guerra continua e ela jamais foi fria.
Agora voltando pro conforto, fortalece a mente e o corpo pra conseguir ficar são, cuidado com os desvios se não roda igual pião.
Desafio do cristão ao ateu que o próximo gosto de sangue na boca, Ahhh esse não será meu.
Se a memória embaça a vista e vê na reta o capataz, não cai nesse dilema, é quem manda ele atirar é quem eu corro atrás.
No meio da corrida dá pra pegar fôlego com tanta poesia, mão dada e história pra que a jornada também tenha mel.
Que a lambida não seja só no pescoço, porque não nas pregas? Que conheçamos não só um pedaço, mas toda história que nos negam.
Que o amigo não só te abrace, mas aqueça o coração, que o conforto não seja de instantes, mas longo de beleza e amor em cada momento, mas que a meta bem definida, seja a revolução.

domingo, 18 de agosto de 2019

Já não sei

Eu já não sei oque fazer
Se o meu toque na tua pele não basta
Se o beijo que acaricia a boca não refrata
Só se achega nesse abraço que aconchega e me basta

Não te peço pra esquecer o passado
Mas percebe que se depender de mim eu não te largo

Larguei os meus escudos e me posto a sua frente pelado
De forma literal, mas também sem medo de qualquer estrago

A fé em mim não precisa ser cega, mas me abri mais que um livro, pulsando a essa paixão, e disso meu coração não nega

Coração dos outros é terra que ninguém pisa, só confia nesse passo junto enquanto o sol se põe e agente sente a brisa

Já não sei mais oque fazer, se essa cicatriz que não fecha, mesmo quando o seu corpo arrepia o coração continua sempre alerta

Segura a minha mão, não te prometo a eternidade, mas esse peito cuidadoso aprendeu só ficar onde se constrói junto uma relação com verdade

Me tomou de assalto e com receio também mexi sem ter espectativas lá no alto

Já não sei oque fazer, se a insegurança nos fita e furta essa oportunidade de com carinho apenas viver

Te ofereço esse abraço de abrigo, quando já não tenho mais palavras pra dizer: fica comigo

domingo, 23 de junho de 2019

Culpa do inverno

Me olha no olho e me diga a verdade
Não peço elogio, por mais que também goste
Eu só peço a verdade, nada além

Esse peito arde quente e soa a pele mesmo sem toque
mesmo que o frio desse solstício me toque o fio
Sigo ardendo a fogueira aqui, sem os outros queimar

O fato de tornar meu ato fruto da minha falta de tato
me trouxe sim alguma dor, mas me sinto num andor
imaculado por mim mesmo, sem nenhum pesar

Olha ele se comparando com santo! Mas quem disse que não?
Nesse dia a dia oque não falta é pecado pra pagar
Mas vamo pensar quem define o acertar ou errar

Aqui no meu próprio templo corpo-igreja oque importa é lutar
E oque te incomoda em que astro a culpa vou botar?
esse sol em câncer me rasga o peito, e é o meu peito

Cada santo ou pecado julgado depende de quem vai julgar
Não se esqueça do "fogo santo", é tempo de pensar
Adormece esse peito e aproveita Yule pra se afirmar.

Auto afirmar essa necessidade, é o mesmo que me convencer dessa verdade
Se aquiete e aquece esse coração sem a falta de outro altar
Com corpo quente se ajeita no peito mesmo frio de quem lhe valha.

segunda-feira, 29 de abril de 2019

Decidi deixar

Me dói dizer que abandonei
Do meu coração já não sou rei
Pensa o quanto me doía
Na minha auto terapia
Não lutar ao que cheguei

A saudade já é vazia
Tanta falta não sentia
Sem saber onde errei

Mas nem sempre há culpado
Quando o dia lado a lado
Já não aquece o coração

A distância do olhar
Que não chama à tentar
Mesmo sem haver um não

Me despeço com aperto
Trago tu aqui no peito
Companheiro, adeus não

Essa luta contra o romântico
Que encontre o seu cântico
E não abandone o coração

sexta-feira, 20 de julho de 2018

Vida Seca




Tenho tido fome
Sabe quando nada te sacia? Que até o peito quente tange a pele fria.
Devoro o bife, o arroz e até os pratos
Me ponho a roupa nova, mas saio e me sinto aos farrapos
Como um livro, página por página devoro com os olhos
Da minha palavra não faz suficiente tudo, mas se puder devore-os.
Provo lábios, consumo amigos, como homens
Mas no final parece que vejo de longe as nuvens
Também tenho sede
E porque a nascente não molha a vida?
Sabe me dizer oque esse coração tanto bombeia querida?
O sistema nos transforma em ilhas em pleno sertão
É quase impossível não deixar levar e perder irmão
Nesse mundo que é um moinho e gira, vacilão roda
Ergue a cabeça, procure os seus e trace sua rota
Não quero pagar de sábio guiando o caminho do paraíso astral
Só escrevi no papel quase que um mantra pra ver se eu mesmo melhore minha moral

terça-feira, 17 de abril de 2018

Cê viu o José?

Um dia cheguei em casa e minha mãe veio com toda dó:
Meu filho, ce viu o José? Filho da vizinha?
chega a dar pena, parece que é pedra.

Mas pena que a sua leve pena não vence o peso da pedra
A dó que que até acostuma não tira da garganta o nó
Pra explicar ninguém entende, espero que nem tente.

A mãe que apanhava, o pai expulso, o padastro que bate
o filho que apanha, o irmão que foge, a irmã que grita
Porque que ele ficou assim?

A escola não acolhe, sociedade extorque, passa a noite de virote
tapa na cara, vizinhança que fala, opressão que não para.
Vida tão boa, porque deu nisso?

Parece que o José fugiu de novo.
Um menino tão bom

terça-feira, 17 de outubro de 2017

Parem!

Vocês estão ouvindo?
Eu perguntei se por um acaso vocês estão ouvindo o grito de uma mulher sendo estuprada, que segundo as estatísticas isso pode estar acontecendo agora em algum lar ou casa.
E se por um acaso ou não for sua vizinha ou namorada?
Tem berro que cê escolhe se vai ou não trocar o filtro do facebook né disgraça?
Mas não me fala que é questão de opinião se na hora que a mina passa olha a bunda dela ali de quebrada.
Esse silêncio ecoa na minha mente, mesmo sabendo que você mente pra inflar seu próprio ego decadente que puxo o ar e respiro pra gritar: parem de ver pornografia!
Porque essa violência é permitida e filmada, além de tudo daí é retirado lucro pra aumentar o saco e o bolso da burguesaiada.
Cá de homem pra homem, mesmo se não me achar homem o suficiente por amar outro homem, eu não quero a sua solidariedade, não me venha com tapinha nas costas pra compartilhar a sua impressão sobre aquela gostosa,
Até me trás lembranças familiares daquele que já chamei de pai e tenha certeza que as lembranças não são das melhores.
Você sabe quantas minas meninas são mortas?
Meninas, sim, eu disse meninas, já que a maioria dos casos de estupros ocorrem com meninas dentro de suas casas por familiares, sim estão matando nossas meninas ou as forçando a se matar.
E não venha me dizer que seu comentário escroto e sem más intenções não tem nada a ver com o simples fatos dela virar um objeto para o seu consumo, mas não só seu né? Pode até ser compartilhada.
Pelo grito, o silêncio, o sangue, o estupro, a lágrima o vestido rasgado e o segredo de toda uma vida, meninas, eu sinto muito, sei que não é o suficiente, mas se pra você à vontade for, to aqui pra compartilhar sua dor.
Um ombro, uma mão, um abraço, tenho o machismo em mim, mas me disponho a somar sua luta no trampo diário braço a braço.